Em Alenquer, feira apoiada pela Emater valoriza plantas medicinais da Amazônia
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) desenvolve a produção natural nos municípios paraenses
Arruda carrega fama de proteção espiritual, mas a infusão da folha acumula eficácia de antitérmico: ajuda a baixar febre alta, informa a literatura médica. De molho no álcool, alecrim borrifado serve como aromatizador de ambiente. A seiva da babosa faz crescer o cabelo e ainda cicatriza qualquer ferida. E, assim, os remédios da floresta amazônica são uma vitrine especial do trabalho que a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) desenvolve nos municípios paraenses.
Em Alenquer, no Baixo Amazonas, por exemplo, a Emater, em parceria com a Prefeitura, está revitalizando uma feira de agricultura familiar com foco em plantas medicinais. A Feira Espaço Flor também contempla artesanato e floricultura.
A última edição, em 16 de dezembro, retomou uma organização interrompida em 2020, por força da pandemia do coronavírus. Desta vez, um público de mais de 800 transeuntes pela Praça Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Planalto, prestigiou os produtos de oito mulheres do Distrito Camburão. O faturamento do grupo Artes Florescer com a comercialização nos estandes aproximou-se dos R$ 9 mil.
“A Emater percebe esse mercado diferenciado, por isso reuniu agricultoras já assistidas e interessadas no segmento, com o objetivo de desenvolver e fortalecer a ponta: geração de trabalho, renda e consumo final. Os resultados têm sido bastante satisfatórios”, calcula o chefe do escritório local da Emater em Alenquer, Waldomiro Yared, técnico em agropecuária.
Herança Cultural
Na linha de herança do conhecimento popular, Sandra Ferreira, de 50 anos, continua o que sua avó, Raimunda Abreu, de 76 anos, aprendeu com a própria mãe, e assim sucessivamente, no universo de biofarmacologia.
No sítio Vó Raimunda, no Distrito Camburão, a família cultiva plantas medicinais e explora as inúmeras possibilidades de fitoterapia. Com o atendimento direto da Emater há uma década, as espécies in natura e os preparados de alquimia tornaram-se empreendimento.
“A Feira é uma oportunidade excelente para divulgarmos uma existência ativa, inteligente e próspera de mulheres que, antes, eram vistas apenas como donas-de-casa da zona rural. Nós somos atuantes para o sustento da família e somos mulheres-de-negócio”, classifica Ferreira, coordenadora do coletivo Artes Florescer.
Para a liderança, A Feira é o arranque de um caminho: “É no pós-feira que tudo acontece, porque, com a divulgação, as pessoas da cidade ficam conhecendo, se encantam, e passamos a receber encomendas e pedidos”, relata.
Texto de Aline Miranda
