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VOZES URBANAS

Autores falam sobre literatura, juventude e desafios a vencer no mundo da escrita

Por Elck Oliveira (SEIRDH)
01/09/2019 18h47

No dia dedicado às Vozes Urbanas na programação da 23ª Feira Pan-Amazônia do Livro e das Multivozes, neste domingo (1⁰), os autores paraenses Bruna Guerreiro e Andrei Simões falaram, durante a tarde, em bate-papo mediado pelo livreiro e blogueiro Rafael Lutty, sobre “literatura dos jovens e para os jovens”, na Arena Multivozes.

Bruna Guerreiro, historiadora de formação, tem mais de cinco obras lançadas, algumas em formato de série, inclusive uma pentalogia. Ela conversou com o público sobre seu processo de criação e as dificuldades que os autores ainda enfrentam para lançar livros no Brasil. “Ninguém nasce feito. O que faz um escritor é escrever. Hoje, percebo que algumas coisas que eu comecei a escrever lá atrás não eram para aquele momento, pois eu não tinha maturidade, nem idade e nem de escrita, para que elas fossem finalizadas ali. Já demorei 12 anos pra concluir um trabalho”, explicou.

Já Andrei Simões é um escritor que trabalha mais a linha do terror e da fantasia, com uma carreira já consolidada na área. Ele definiu sua produção como “literatura de guerrilha”, por ser aquela que “não fica apenas nas livrarias”, o que considera fundamental para a formação de leitores. “Penso que nunca na história da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes se deu tanto espaço para o escritor paraense, e isso é importante porque o público local precisa conhecer o que é produzido aqui”, destacou Andrei Simões, que também é professor.

Leitura e realidade - Segundo ele, o público precisa conhecer os clássicos da literatura, mas acredita que é muito mais fácil formar leitores hoje, a partir de uma leitura mais próxima da realidade e da vivência deles, sobretudo do público mais jovem. “Quando eu era bem jovem, fui obrigado a ler Machado de Assis e, agora, quando eu leio a obra do Machado, claro, gosto muito mais. Acho que obrigar o jovem, o adolescente, a ler coisas que não condizem com a realidade dele, em vez de atrair, acaba afastando”, contou.

Essa também é a visão da professora Patrícia Nascimento, que ministra aulas de Sociologia em duas escolas da rede pública estadual na sede municipal de Santa Maria do Pará, a mais de 100 quilômetros de Belém. Ela idealizou e realiza, há seis anos, uma jornada literária que movimenta todo o município, no nordeste paraense. O objetivo, no início, foi aproximar os alunos da leitura e mostrar os caminhos para aqueles que querem ser escritores. Vários escritores paraenses já foram ao evento interagir com os alunos, inclusive Andrei Simões.

“Sou uma leitora compulsiva, e sempre estimulei os meus alunos à leitura. Mas decidi ampliar e criar um evento porque eu tinha dois alunos que queriam escrever e não sabiam como começar. Aí chamei autores paraenses para contar a experiência deles. Assim começou o evento, que hoje não é mais só um evento da escola, mas de Santa Maria, porque toda a cidade já abraçou”, disse a professora, que participou do debate com os escritores paraenses.