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“Olhos de Ressaca”, de João Bosco Maia, é lançado em noite de blues e jazz

Por Julie Rocha (IOE)
05/07/2019 17h58

O escritor João Bosco Maia lançou, na noite da última quinta-feira (4), no espaço Ná Figueredo, a sua décima obra intitulada "Olhos de Ressaca". A publicação tem 170 páginas e foi impressa na gráfica da Imprensa Oficial Estado do Pará, após conquistar o Prêmio Samuel Wallace Mac-Dowell, da Academia Paraense de Letras (APL), em 2018.

A noite foi regada a sessão de autógrafos do livro e flashes com o autor, além de muito jazz, blues e rock. Entre os que prestigiaram o lançamento estavam a representante da Academia Paraense de Letras (APL), Izabel Benone, parentes, leitores e amigos do autor, além dos escritores paraenses Paulo Nunes, Daniel Leite, Mário Zumba, Juracy Siqueira, Luciana Brandão e Cláudio Cardoso e dos jornalistas Guilherme Barra e Lázaro Araújo e do ator Marton Maués.

A Imprensa Oficial do Estado foi representada pelo presidente Jorge Panzera, o coordenador da editora pública, Rodrigo Moraes, e o assessor Moisés Alves. "João Bosco é um escritor paraense com seis livros premiados, dos dez livros que já lançou, e "Olhos de Ressaca" é um deles. Além de cumprir uma missão institucional, com a publicação do livro em parceria com a APL, estamos aprofundando a ideia da nossa editora. E com certeza o livro estará circulando pela Feira do Livro, em Belém, assim como os outros salões de livros em Parauapebas, Marabá e Santarém", disse.

"Pra nós é uma grande satisfação não só fazer o lançamento do livro do Bosco que faz referência a um clássico da literatura brasileira, mas também por ter sido premiado pela Academia Paraense de Letras", comentou Rodrigo Moraes, da editora pública da Imprensa Oficial. "Todos os autores com selo da Imprensa Oficial terão seu momento de lançamento no nosso estande da Feira Pan-Amazônica do Livro, em agosto, em Belém".

Para o autor, o livro é um momento de consolidação de muito tempo investido escrevendo. "É um ato que nunca termina. A gente imagina que deu um ponto final, mas começam a aparecer novas ideias", comentou ele, ao dizer que o leitor que adquirir "Olhos de Ressaca" terá que fazer seu próprio questionamento a respeito da obra. "Como diz Larissa no prefácio, o leitor poderá ter ou não um olhar negativo pela ousadia de mexer com um clássico de Machado de Assis, mas é melhor tirar as próprias conclusões na leitura", comentou.

A narrativa é contada sob a perspectiva da versão feminina da personagem Capitu, que se torna a protagonista na obra de ficção do autor paraense, para explorar as memórias vividas ao lado do personagem Bentinho na versão do clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis.

Autor – João Bosco Maia nasceu em Ananindeua, no Pará. É autor dos romances "Olhai por nós", "As cartas anônimas de Robledo", o "Folhetim das Sanchez (do luar às flores)", "A circunscrição do breu" e dos premiados "Memórias quase póstumas de um ex-torturador", "Sob o silêncio das mangueiras" e "666 – o tragicômico percurso". Escreveu ainda o livro de contos "O ciclo dos velhos pastores" e a também premiada dramaturgia "Após as três badaladas".

Críticas – Autor de dezesseis obras publicadas, o escritor Daniel Leite, disse que é uma satisfação ver o escritor João Bosco inverter o foco narrativo do clássico de Machado de Assis. "Eu acho um livraço porque inverte a perspectiva narrativa. Não é mais o discurso do homem que se cristalizou no século XIX e que insiste em se cristalizar no século XXI. Temos que lembrar que o Brasil é o quinto país do planeta com maior índice de feminicídio. Então, João Bosco vem invertendo o ônus da prova. É o discurso de uma mulher pela perspectiva de uma resistência de linguagem", comentou ele.

Daniel Leite está concluindo o doutorado na Universidade de Lisboa sobre uma análise comparativa entre as três personagens femininas de clássicos da literatura mundial mortas por seus autores: Capitu, do Machado de Assis; Emma Bovary, de Gustave Flaubert; e Luísa, do Primo Basílio, do Eça de Queiroz.

"A minha tese objetiva demonstrar que esses romances não se sustentam como adultério, como ficaram cristalizados no século XIX, mas de percepção da mulher casada. Se nós percebermos bem, o que une essas três mulheres como fator essencial é a morte. São três mulheres que foram silenciadas pelos narradores. Capitu é exilada e morre na Suíça, Emma Bovary morre envenenada e Luísa tem uma morte de gênero, morre careca", comentou.

Serviço:
No próximo domingo (7), João Bosco também fará o lançamento de "Olhos de Ressaca" na Banca do Escritor Paraense, localizada na Praça da República, com sessão de autógrafos de show de violão a partir das 9h. O livro custa R$ 40. Mais informações: (91) 99925-9857.